sábado, 1 de junho de 2013



GUEDES

Praça dos Poveiros, Nº130 - Porto(mapa)

Se o Obélix fosse tuga era aqui que vinha encher aquela barrigaça formidável. Aliás, a ele se podiam juntar, com apetite de apóstolo em última ceia, todos os grandes comilões da história, de D.Sancho "O Gordo" ao Sancho Pança, sem medos nem dietas, que comidinha desta não engorda, enaltece!

Terei, então, que vos contar dessa vez, que são todas, em que descobri essa relíquia que só não suplanta a Francesinha porque não vem em formato prédio.
A Guédinha (porque, como diz o bom livrinho, sande e barco têm nome de mulher) é a melhor sandes de pernil do mundo! O seu sabor é tão lendário que é temida até em Israel, onde a chamam "Conversora de Judeus"... 
Ora tentem imaginar um pão quentinho a fazer cama ao porquinho mais tenro da vara, besuntado com uma grossa fatia de queijo da Serra, que logo se derrete com tal circunstância e vem escorrendo até ao cotovelo de quem se delicia.

Para limpar o palato faz se gargarejos com o fresquinho verde da casa que não dispensa um rótulo à maneira e não se esquece de informar que contem sulfitos, isso, e uma boa dose de felicidade. É mais ou menos por esta altura que se começa a ver dois Guedes iguais. Depois da segunda sandes, dá-se ao pão que pensar, no sentido de acamar salpicão, presunto ou porco preto. E se fome ainda existir atacam-se os "pratinhos" da ementa, todos em doses-mínimas como é tradição nortenha. O vinho continua a dançar e é ai que percebemos que afinal os Guedes são mesmo dois (César e Manuel) mas se chamam Correia. Guedes era o dono da antiga mercearia que já não dava vintém e que foi comprada e muito bem transformada nesta tasquissima.
Na sobremesa, já se alucina, é ver os nacos de queijo, quase do tamanho de paralelipípedos da calçada portuguesa, a banharem-se sem vergonhas em doce de figo ou de abóbora com noz. A esta altura também já sabemos o nome das incríveis fadas dos tachos, a Maria Albertina e a Maria Augusta, chega o calicezinho de vinho do Porto para abençoar o repasto e o cafézinho tirado na velha e patinada Vibiemme que em Lisboa se chamaria Viviene!
E agora o difícil final, é que a única maneira de se sair dos Guedes, sobretudo se se tiver ficado sentado ao balcão a ver o desfile das roliças e saborosas Guédinhas, é mesmo dizer aos manos que se vai ali e já se volta,  olhem, que se vai dar uma volta, para fazer apetite, para voltar, sempre.  


















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