Rua da Graça, Nº 138 - Lisboa
(mapa)
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Rezam as lendas alfacinhas que, na Graça, há um certo sapateiro especial de corrida. Mas para o encontrar, não o pode procurar, tem que ir lá dar por acaso.
O espaço é mais apertado que bota de tropa, num misto de oficina e museu, com máquinas centenárias, sapatos moribundos, malas que precisam de liftings, cintos fartos de tanto apertar, atacadores, vernizes, escovas, colas, pregos, bifanas (era só para ver se estavam atentos), palmilhas, guarda-chuvas, calçadeiras e, no meio de tudo isto, sentado num banquinho, o Sr. Xavier Moreira.
O ofício de sapateiro foi herdado com o casamento. A família da esposa (D. Florinda) já tinha um espaço na rua Garrett e Xavier pôs as mãos ao trabalho para dar seguimento à tradição. Mas a verdade é que esta fachada esconde outra. Xavier tem uma fascinante vida dupla. Por um lado, um pacato sapateiro de bairro, por outro, um famoso piloto de corridas de automóveis.
“Ó menina, isto eu sou conhecido em todo o mundo, venha cá ver…”. E Xavier leva-me até ao seu outro museu, uma salinha-templo dedicada à sua grande paixão. É aqui que tem os motores que modificou para ganhar as corridas, as fotografias dos carros, as revistas onde apareceu, os troféus que recebeu, os equipamentos, os posters e os capacetes. Xavier conta que tem mais de cem carros guardados e, entre eles, dois amados Ferraris, lembra os tempos áureos em Montecarlo, as garrafas de Vinho do Porto que levava para Itália para trocar por peças, “daquela vez que dei um “bacalhau” ao Rei de Espanha...”
“Menina, isto contado ninguém se acredita”. Tem mesmo que se ir lá fazer a prova.
Não tem por ai uns sapatos a precisar de conserto?
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