sábado, 8 de junho de 2013


CASA PÉLYS
Rua Tomás da Anunciação, Nº62 - Lisboa
(mapa)

Era uma vez, nos tempos em que se vendiam belos livros científicos sobre a hiperactividade de uma garota chamada Anita, um artístico fotografo de bairro. Era aqui, na Foto Pélys, que se vinha deixar a alma, a preto e branco ou tecnicolor, em cenários tão mimosos como as aventuras da dita menina, que afinal era belga e se chamava Martine. 

Os anos foram passando. As crianças, que ali iam fazer o retrato, ajoelhadas no banquinho da primeira comunhão, cresceram e a Anita foi para a Albânia, mudou o nome para Zana e decidiu comprar uma maquina fotográfica. 

A loja fechou...

Agora lia-se "Fim" em letras bem desenhadas mas eis que surge um casal de super-heróis-livreiros, a Helena e o Claúdio, cujo poder é recuperar o passado e, em menos tempo que leva a descobrir o nome que a Anita usa quando vai à Eslovénia (Marinka), decidiram re-abrir a velha loja, mantendo o mesmo nome, coisa que como já se reparou é impossível à tal da Anita, que quando vai aos Estados Unidos, só responde se a tratarem por Debbie.

E eis a bela Casa Pélys, dedicada agora ao comercio de alfarrábios, em edições catita que prometem tornar elegante qualquer estante ignorante, assim como variadíssimos artigos vintage, que é como quem diz, dos tempos em que todos éramos uns petizes, aprendizes e felizes, e achávamos que a Anita se chamava Anita e não Martita, como em Espanha. 

Agora, não há cá promenade por Campo de Ourique, sem uma visita a esse curioso gabinete, onde se pode encontrar quase tudo: máquinas de escrever para novos Kafkas de café, a romântica mala de picnic para repastos cinematográficos, um maravilhoso armário com tudo para realçar a mulher Art-Nouveau que há em si (as plumas, o turbante de veludo vermelho, os binóculos para cuscar os outros camarotes ali no São Carlos), telefones de verdade para conversas serias, extraterrestres de olhos azuis doidos por regressar a casa e ratos orelhudos italianos.

É por tudo isto que é bom encontrar coisas que mudam, para não acabar, como a quase sexagenária Mapuka, quero dizer Cristina, que é como quem diz Mimmi, Tiny, bem, a Anita...

A Anita que tanto foi à Casa Pélys que lá acabou por ficar. 





























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