segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Página Principal > Acontecimentos entre 1700 e 1749
ACONTECIMENTOS ENTRE 1700 E 1749
Planta duma parte do aqueduto que conduzia água para as fontes do Passeio Público, Mário Novais, s. d., Arquivo Municipal de Lisboa, AFML – A12359 (Clique para ampliar)
Planta duma parte do aqueduto que conduzia água para as fontes do Passeio Público, Mário Novais, s. d., Arquivo Municipal de Lisboa, AFML – A12359 (Clique para ampliar)
O período de 1700 a 1749 foi marcado pela estabilidade governativa sob a liderança deD. João V (1706-1750). A descoberta das minas de ouro no Brasil, seguida dos diamantes, madeiras preciosas, tabaco e açúcar promoveu o crescimento económico do país.

Todos estes factores, aliados ao ciclo de paz iniciado em Utreque (o tratado firmado, em 1713, naquela cidade dos Países Baixos, pôs fim à guerra de sucessão espanhola), possibilitaram a construção e a remodelação, de grandes conjuntos arquitectónicos, civis e religiosos, da cidade de Lisboa. As primeiras iniciativas arquitectónicas de D. João V foram reabilitações e redecorações em igrejas e capelas, nomeadamente na sacristia da Igreja de Madre de Deus; na capela de S. João Baptista da Igreja de S. Roque (1742-1747); na capela da Igreja de S. Domingos (1748). Ao que se acrescenta a construção da Igreja do Menino de Deus (1711-1737) e a edificação do interior da Igreja de Santa Catarina (1727-1730), exemplares do período barroco em todo o seu esplendor, gosto pelo fausto e ostentação.

Neste período ocorreu igualmente a ampliação do Palácio Real e as obras na respectiva capela (1728-1732), a remodelação do antigo Palácio da Mitra (Marvila), a construção do Palácio Barbacena, em Santa Clara (1740), a edificação do Palácio Galvão Mexia (actual Museu da Cidade) e do Palácio Ludovice, entre outros.

Dos empreendimentos joaninos mais aparatosos em Lisboa, há a destacar o conjunto Igreja, Palácio e Convento de Nossa Senhora das Necessidades (1744-1753) no Alto de Alcântara e, o Aqueduto das Águas Livres (1720-1748) que, em associação com a proliferação de novos equipamentos – os chafarizes –, veio resolver os graves problemas de abastecimento de água à cidade.

No entanto, a nível urbanístico, Lisboa mantinha as suas características eminentemente medievais, as ruas estreitas e íngremes, as calçadas em mau estado, a ausência de iluminação pública, a falta de policiamento, as questões do saneamento básico e os problemas de circulação. Com o objectivo de minorar o “caos” urbanístico retomaram-se as obras do cais de Belém e do cais da Pedra, alargou-se a rua dos Ourives do Ouro, expandiu-se a via que ia da rua dos Douradores para a Igreja de S. Nicolau; o pavimento da rua Nova do Almada, Chiado e rua dos Ourives foi reparada e limitada à circulação de peões; os Arcos das Portas de Santo Antão foram levantados e alargados; foram cobertos os canos do bairro de S. José; edificou-se um novo açougue real e inauguraram-se as termas em Alfama (1716).

Por bula papal (7/11/1716) foi criado o patriarcado de Lisboa. Em 15 de Janeiro de 1717, D. João V procedeu à divisão de Lisboa em duas circunscrições administrativas: Lisboa Oriental e Lisboa Ocidental. Em 1742, seriam demarcados por alvará os bairros da capital.
Bibliografia
FRANÇA, José Augusto França, Lisboa: Urbanismo e Arquitectura, 5.ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 2005, p. 23-34.
PARDAL, Maria João Martins, O Terramoto de 1755: A Urbanização da Nova Lisboa, 1.ª ed., Lisboa, Setecaminhos, 2005, p. 21-26.
CONSIGLIERI, Carlos, ABEL, Marília, Lisboa: 750 Anos de Capital: Livro de Ouro da Cidade, 1.ª ed., Lisboa, Dinalivro, 2005, p. 78-83.
MURTEIRA, Maria Helena da Cunha, Lisboa da Restauração às Luzes, 1.ª ed.., Lisboa, Editorial Presença, 1999, p. 102-113.
BERGER, Francisco José Gentil, Lisboa e os Arquitectos de D. João V, 1.ª ed., Lisboa, Edições Cosmos, 1994, p. 219-266.
MOITA, Irisalva (coord.), O Livro de Lisboa, 1.ª ed., Lisboa, Livros Horizonte, 1994, p. 247-278.

Sem comentários:

Enviar um comentário