A PÉROLA DO BOLHÃO
Rua Formosa, Nº279 - Porto
Na Pérola do Bolhão, o bacalhau é rebuçado, é o triângulo nadador mais desejado, diz que é especial e precisa de ser demolhado mas depois disso, senhores, é praticamente sagrado. Mas não foi só o bacalhau que deu boa fama a esta casa, das especiaria aos enchidos, passando pelas suadas lagostas, aqui já se vendeu de tudo um pouco, só faltam mesmo as ostras.
- Ó menina, venha cá. - Diz o Sr. António Rodrigues Reis (filho) que gere agora a casa fundada pelo pai que levava o mesmo nome (para não haver cá enganos). - Tome lá para o seu trabalho. - Entrega-me uma mica cheia de recortes de jornal. (Pronto, se eu já estava deliciada com as boas vindas dos 3 rapagões de serviço, agora ganhei mesmo o dia). -Olhe aqui como a casa fica cheia no Natal, até faz bicha à porta. Veja lá, até o Goucha cá vem ao bacalhau. - Apontando uma prova incriminatória, depois dos recortes e ele quem me conta a história...
Foi uma casa cheia desde que as portas abriram em 1917. A linda fachada Arte Nova despertou a curiosidade dos passeantes, fazendo puzzle de azulejos com duas exóticas moças índias, da responsabilidade da Fabrica do Carvalhinho. Já o interior era uma riqueza, mercearias finas e grossas para encher alforges de Reis Magos. Os anos passaram velozes, A Pérola tornou-se lugar de romaria, foi banqueira e casamenteira, cheia de clientes famosos e outros tantos gulosos. Dizem até que era neste balcão que a virtuosa Guilhermina Suggia vinha comprar a pomada, digo, os figos secos...
O sucesso continua, A Pérola ainda está carregadinha de guloseimas, dos frutos secos às bebidas espirituosas, dos rebuçados aos enlatados, passando pelos melhores enchidos do país, ou seja, quase tudo o que o porco pode oferecer, exceptuando talvez a função de mealheiro.
Saio de lá risonha, com muitos beijinhos e obrigados e bolsos cheios de bombons a rebentar de recheio, era isso ou as alheiras.... olhem não me couberam nas algibeiras!
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