sexta-feira, 31 de maio de 2013

Forra

 CASA FORRA 
Poço do Borratém, Nº32 - Lisboa
(mapa)

Sem tempo para tontas modéstias apresento desde já a Casa Forra como a grande especialista alfacinha na arte dos consertos. Mas não troque, o freguês, a subtil consoante e se imagine a bater o pézinho Travolta ao som de uns acordes à Toy ou Tony.

Nesta loja ouvimos marteladas mas a música é outra…
 
Basta reparar no “sapatinho” amarelo à porta para perceber que estamos perante um antro mítico de sapateiros e outros mestres. É aqui que eles vêm comprar os moldes, as peles, as solas, os couros e cabedais para fazer e arranjar (com muitos dias de atraso) os seus sapatos, malas e carteiras.
 
Para viajar no tempo teríamos que voltar aos anos 30 e conhecer o fundador, o Sr.Alfredo Pires Forra, que talvez já adivinhasse o sucesso que uma casa especialista no “arranja-se” ia ter aqui na pátria. Ora, passados 80 anos e quatro gerações de Forras, é ver a profecia realizada e os balcões sempre cheios de sapatos, malas e cintos a precisar de umas operações plásticas para poderem dar mais umas voltinhas por aí. 
 
Foi lá que encontrei o simpático Sr. Mário, novo na casa mas treinado no ofício que me mostrou logo os cantos à loja, da graxa à calçadeira, do salto alto ao preço baixo, passando por ferramentas, fios e fivelas. E foi então que eu percebi, toda contente, que é aqui se pode encontrar aquele tapete de vaca para pôr à frente da lareira ou da mesa de bilhar mas também aquela pele de crocodilo cor-de-rosa para fazer a carteira mais Dundee daqui até à Austrália. Se já está a esfregar as mãozitas com tais possibilidades então vai adorar saber que também aqui pode alterar o seu equipamento de motard, consoante as tendências da estação, adquirir uma útil maquineta para aplicar ilhoses (uma espécie de filhoses em ponto pequeno e de metal), encontrar uma grande variedade de palmilhas para tentar agradar o pé mais chato e, especialmente, vir fazer mais uns furos ao cinto… 
 
Já que o temos que apertar ao menos que seja com estilo!






















1 comentário:

  1. Olá!
    Estou realmente encantada com este teu espaço tão cheio de boas sugestões. Gostaria de te convidar a visitares também a “minha casa”. Espero que te sintas lá tão confortável quanto eu me senti na tua! ;)
    Votos de muitos sucessos.
    beijinho
    http://cottoncandy-peaches.blogspot.com/
    Responder



A PÉROLA DO BOLHÃO 
Rua Formosa, Nº279 - Porto

Na Pérola do Bolhão, o bacalhau é rebuçado, é o triângulo nadador mais desejado, diz que é especial e precisa de ser demolhado mas depois disso, senhores, é praticamente sagrado. Mas não foi só o bacalhau que deu boa fama a esta casa, das especiaria aos enchidos, passando pelas suadas lagostas, aqui já se vendeu de tudo um pouco, só faltam mesmo as ostras.

- Ó menina, venha cá. - Diz o Sr. António Rodrigues Reis (filho) que gere agora a casa fundada pelo pai que levava o mesmo nome (para não haver cá enganos). - Tome lá para o seu trabalho. - Entrega-me uma mica cheia de recortes de jornal. (Pronto, se eu já estava deliciada com as boas vindas dos 3 rapagões de serviço, agora ganhei mesmo o dia). -Olhe aqui como a casa fica cheia no Natal, até faz bicha à porta. Veja lá, até o Goucha cá vem ao bacalhau. - Apontando uma prova incriminatória, depois dos recortes e ele quem me conta a história...

Foi uma casa cheia desde que as portas abriram em 1917. A linda fachada Arte Nova despertou a curiosidade dos passeantes, fazendo puzzle de azulejos com duas exóticas moças índias, da responsabilidade da Fabrica do Carvalhinho. Já o interior era uma riqueza, mercearias finas e grossas para encher alforges de Reis Magos. Os anos passaram velozes, A Pérola tornou-se lugar de romaria, foi banqueira e casamenteira, cheia de clientes famosos e outros tantos gulosos. Dizem até que era neste balcão que a virtuosa Guilhermina Suggia vinha comprar a pomada, digo, os figos secos...

O sucesso continua, A Pérola ainda está carregadinha de guloseimas, dos frutos secos às bebidas espirituosas, dos rebuçados aos enlatados, passando pelos melhores enchidos do país, ou seja, quase tudo o que o porco pode oferecer, exceptuando talvez a função de mealheiro. 

Saio de lá risonha, com muitos beijinhos e obrigados e bolsos cheios de bombons a rebentar de recheio, era isso ou as alheiras.... olhem não me couberam nas algibeiras!























quinta-feira, 30 de maio de 2013

Drogaria da Moda



DROGARIA & PERFUMARIA
S. PEREIRA LEÃO
Rua da Prata, Nº223-225 - Lisboa
(mapa)

Antes da invenção do duche, quando os sujos sábios gritavam Eureka ao mergulhar os sebosos corpos em líquidos duvidosos, nasceu a subtil arte da Perfumaria. O objectivo das mixórdias criadas não era tanto perfumar mas antes tentar mascarar o cocktail aromático que emanava dessas gentes mais artesanais. Nessa altura, os arcaicos slogans não exclamavam propriamente “Aquele cheirinho para arranjar um parzinho” mas “Aquele cheirete que fará um brilharete!”.

Se o nascimento da Perfumaria não traz duvidas, já a misteriosa natalidade da Drogaria se encontra envolta em véus mais obscuros. Porém, não será difícil imaginar que terá acontecido, mais ou menos, quando o Manel diz à Maria, depois de meses de prejuízo lá na loja, que o povo mais depressa compra Sonasol que Chanel, por isso, nada melhor que vender os dois. E assim surge o estabelecimento mais amado de todos. Uma extraordinária invenção que junta, num banquete olfactivo impossível de copiar por qualquer loja de olhar em bico, a mania das limpezas e a mania das belezas. Por outras palavras, o sonho materializado da Gata Borralheira e da Cinderela, ao mesmo tempo!

Foi de nariz em haste que entrei na S. Pereira Leão, uma das drogarias mais espaçosas e famosas da Baixa, cuja história vai além de 1964 (altura em que foi comprada por esta família) e chega mesmo ao século, como Antiga Drogaria Alvarez. Era aqui que se faziam perfumes, aromas e essências que se vendiam para chamar amores e adoçar licores. Pura alquimia.

Hoje em dia, depois de três gerações P. Leão que começaram com a Dona Suzette (o S. do nome) consegue-se encontrar quase tudo: do brinco de pérola à touca de banho floral e do barbudo pincel ao desentupidor de canos, passando por sabonetes vintage com nomes suaves como “Caricia” ou “Mariposa”, nomes que cheiram a Portugal, como "Feno" ou "Flores" ou até coisas mais exóticas como “Leite de Burra” ou sabonete de Enxofre... E tudo isto por menos meia tuta que o costume!

Mais que a qualidade e a ampla variedade da mercadoria (chavões sempre apropriados no comércio a retalho), o charme da loja passa-se sobretudo atrás do balcão, onde três simpáticas fadas madrinhas (D. Fernanda, D. Dina e a D. Laurinda) têm o produto certo para qualquer ocasião e quiçá até "Aquele cheirinho para encontrar um parzinho!". 

Eureka, dizemos nós!
























Apart from the wonderful scent of codfish, there's nothing more portuguese that the odour you feel when you enter an old drugstore. An incredible mixture of granny's soaps, nail polish, strong detergents, cheap perfums, dust and beauty dreams... If you are in the downtown area, you can't miss S.Pereira e Leão, a centenary drugstore that will enchant the Cinderella in you. There you will find both the material you need to clean up that palace of yours and to make you all pretty for the ball. For that you have three fairy-godmothers D. Fernanda, D. Dina e D. Laurinda. Ask for their help and you will have your happy ending.